quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Apesar deles!!!!

Vale!!!


Pensei em buscar nos teóricos da educação uma palavra, uma frase, um pensamento que me fizesse sentir melhor como educador. Desisti. Respeito-os, mas minha indignação não é matéria de teoria. Ela é real, concreta, absoluta. Nasceu, cresceu e é alimentada neste chão que piso a cada dia. É grito!

Pensei em buscar um poema, acreditando na sensibilidade de um poeta qualquer que pudesse responder à minha indignação. Desisti. Amo-os, mas minha indignação, não a quero poesia, ainda que os poetas possam fazê-la. É protesto!

Pensei em uma música que pudesse, então, traduzi-la. Uma música que fosse capaz de captar cada mínimo som da minha frustação. Desisti. Cheguei à conclusão que ela ainda não foi escrita. Ainda que eu tenha a certeza que os músicos sejam capazes de fazê-la. É revolta!

Pensei em um artigo que espelhasse um pouco do que sinto, escrito por um pesquisador, médico, psicólogo, jornalista, filósofo, por um promotor, talvez, por um político, quem sabe, todos tão sábios e entendidos de educação, no meio das inúmeras publicações que inundam a minha estante. Desisti. Eles falam de tudo quase nada. Eles trazem coisas já ditas e reditas, pedaços de obviedades, mas minha indignação é inteira. Não que eu acredite que eles não sejam capazes de escreverem. Desconfio, no entanto, que me prefiram indignado a aceitar a fragilidade de seus argumentos. Minha indignação é escudo!

Então!

De que me valem os teóricos se não me encontro em nenhuma teoria!

De que me valem os poetas se neste chão não há mais poesia!

 De que me valem os músicos e suas melodias se já não cantam o que sinto!

De que me valem os médicos se já não existem mais doentes!

De que me valem os psicólogos se já não existe mais loucura!

De que me valem os promotores e os juízes se tudo é harmonia!

De que me valem os jornalistas se a escola só é notícia ruim!

De que me valem os políticos se eles já não são mais políticos!

 
O que vale então?

 Vale o que sou.

Vale o que acredito.

Vale porque estou aqui!

Vale porque insisto.

Vale porque não espero.

Vale porque continuo.

Vale porque não me escondo.

 Reparto o meu grito de espanto, o meu protesto contra a mentira institucionalizada, a minha revolta contra o jejum de pátria. E que tudo isso, seja um escudo contra a pauperização dos meus sonhos como professor.

Reparto, porque nestes números e tabelas não enxergo os risos das Rutes, das Raqueis, dos Rodrigos, dos Guilhermes, das Greicieles, dos Renans, dos Felipes, dos Carlos, Gabrieis, dos Iagos, dos Michaels, dos Anailtons, dos Igores, dos Cleildos e de tantos outros “S” que nós sim, como educadores, enxergamos e eles estão aqui, conosco!

Fica aqui, porque se tudo o que fizemos é pouco ou muito, não tem a menor importância, fomos nós que fizemos apesar de tudo o que não dizem.

 Apesar ...!

MAReis