Pensei em
buscar nos teóricos da educação uma palavra, uma frase, um pensamento que me
fizesse sentir melhor como educador. Desisti. Respeito-os, mas minha indignação
não é matéria de teoria. Ela é real, concreta, absoluta. Nasceu, cresceu e é
alimentada neste chão que piso a cada dia. É grito!
Pensei em
buscar um poema, acreditando na sensibilidade de um poeta qualquer que pudesse
responder à minha indignação. Desisti. Amo-os, mas minha indignação, não a
quero poesia, ainda que os poetas possam fazê-la. É protesto!
Pensei em uma
música que pudesse, então, traduzi-la. Uma música que fosse capaz de captar
cada mínimo som da minha frustação. Desisti. Cheguei à conclusão que ela ainda não
foi escrita. Ainda que eu tenha a certeza que os músicos sejam capazes de
fazê-la. É revolta!
Pensei em um
artigo que espelhasse um pouco do que sinto, escrito por um pesquisador,
médico, psicólogo, jornalista, filósofo, por um promotor, talvez, por um
político, quem sabe, todos tão sábios e entendidos de educação, no meio das
inúmeras publicações que inundam a minha estante. Desisti. Eles falam de tudo
quase nada. Eles trazem coisas já ditas e reditas, pedaços de obviedades, mas
minha indignação é inteira. Não que eu acredite que eles não sejam capazes de escreverem.
Desconfio, no entanto, que me prefiram indignado a aceitar a fragilidade de
seus argumentos. Minha indignação é escudo!
Então!
De que me
valem os teóricos se não me encontro em nenhuma teoria!
De que me
valem os poetas se neste chão não há mais poesia!
De que me
valem os médicos se já não existem mais doentes!
De que me
valem os psicólogos se já não existe mais loucura!
De que me
valem os promotores e os juízes se tudo é harmonia!
De que me
valem os jornalistas se a escola só é notícia ruim!
De que me
valem os políticos se eles já não são mais políticos!
O que vale
então?
Vale o que
acredito.
Vale porque
estou aqui!
Vale porque
insisto.
Vale porque
não espero.
Vale porque
continuo.
Vale porque
não me escondo.
Reparto, porque nestes números e tabelas não enxergo
os risos das Rutes, das Raqueis, dos Rodrigos, dos Guilhermes, das Greicieles,
dos Renans, dos Felipes, dos Carlos, Gabrieis, dos Iagos, dos Michaels, dos
Anailtons, dos Igores, dos Cleildos e de tantos outros “S” que nós sim, como
educadores, enxergamos e eles estão aqui, conosco!
Fica aqui, porque se tudo o que fizemos é pouco ou
muito, não tem a menor importância, fomos nós que fizemos apesar de tudo o que
não dizem.
Apesar ...!
MAReis