sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Refazendo


Quando a tristeza, sorrateira, chega assim
Sem avisar, à vontade, tão de repente
Recebo-a, respeito-a, como parte de mim
E neste paradoxo, sinto-me contente.
E tudo o que em mim se vê triste,
Em fios diáfanos, vai se perdendo.
Neste mistério, um sorriso resiste,
E nele, alegria vai se refazendo.

MAReis


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Caixa Postal


Havia
Muito mais
Que palavras
Na mensagem apagada
Na pétula
Varrida da flor.

Havia
Muito mais
Que palavras
No bilhete esquecido,
Junto aos papéis
Arquivados.

Havia
Muito mais
Que uma imagem
Na fotografia
Perdida nos livros
Nunca lidos.

Havia na flor,
Um pedido.
No bilhete,
Um verso.
Na fotografia,
Um sorriso.

Na caixa postal,
Um vazio imenso.

Que pena!!!

MAReis

sábado, 22 de fevereiro de 2014

A Despedida da Folha da Palmeira

A Folha da Palmeira

Da palmeira,
A folha ressecada
Agarra-se mansamente
À retidão do caule,
Na última tentativa
De sentir a vida.

No acalento do vento  
Desce a terra
E se faz seiva
No destino
Da palmeira
A caminho do ceu!

MAReis

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Travessia

Da infância
Nos meus risos contidos;
Ficou a desconfiança,
E os meus gestos concisos.

Da adolescência,
Naquela gota d'água;
Ficou a inconsciência,
Amarga das mágoas.

Da juventude,
Naqueles planos confusos;
Ficaram sonhos em amplitude,
E os meus gritos difusos.

Mágoas! Hoje não vivo delas.
Para que lembrá-las?
Minhas raízes são centenárias,
E não existe lugar para elas.

Desconfianças, matou-as o tempo,
E o pouco que sobram delas,
É relíquia do meu sustento.
É instinto de vida que há nelas.

Os sonhos permanecem vivos,
Símbolos de todas as loucuras,
Traduzidos em outros gritos,
Vão mediando minhas aventuras!

Só ferro em brasa marca boi!!!


MAReis