domingo, 30 de março de 2014

"Um jeito desajeitado de falar de Amor"

Vício

(Um jeito desajeitado de falar de amor)

Este desconhecido,
Que é a um só tempo
Companheiro das insônias
E matéria dos sonhos.

Este desconhecido,
Que corrompe o espírito,
E avança as fronteiras
Do corpo e da alma.

Este desconhecido,
Que não se finda,
Na palavra inversa,
E se sustenta
No que é diverso.

Este desconhecido,
Que vai muito além
Dos prazeres dos corpos
Que nos adormecem.

Este desconhecido,
Que nos desperta
Em gestos de carinhos,
E se torna vicio!!!

MAReis

sábado, 29 de março de 2014

Com Deus!!!!



Há cinquenta Anos
Trinta e um de março!!!
(Não marchem para Deus, mas com Deus!)



Não se esqueçam

Das águas do Araguaia,

Das bocas abertas dos canhões,

Da pólvora de sangue e ódio.



Não se esqueçam

Daqueles gritos abafados,

Daquelas dores camufladas,

Do escuro das janelas trancadas.



Não se esqueçam

Daquelas mães da Praça e de Maio,

Daqueles heróis inventados,

Das flores arrancadas.



Não se esqueçam

De replantarem as esperanças,

De fecharem as portas do medo,

De alimentarem os gritos de liberdade.



Não se esqueçam

De trazer os sonhos adiados,

De reverenciar os rios e mares,

De lembrar o preto e branco daquelas fotografias.



Que nossas vozes apaguem nossos medos,

Que nossas certezas sejam nossa pátria

Que sejamos todos nós, heróis.

Não inventados, germinados na luta da esperança.

MAReis

sexta-feira, 28 de março de 2014

Tempo e Distância

O Tempo e a Distância

Existem dois tipos de saudades.
Aquelas que matamos,
E aquelas que nos matam.
As primeiras, mediadas pelas distâncias,
Sazonais,
Morrem nos abraços dos reencontros.
As segundas, mediadas pela vida,
Perenes,
Plantadas e colhidas no tempo,
Vivas e eternas em nós!!

MAReis

terça-feira, 25 de março de 2014

Há Cinquenta Anos.


Há cinquenta anos.
Não há fronteiras em mim,
Só a Liberdade me limita.
Que as flores,
Proclamem a Liberdade
Reflorestem as ruas,
Sejam mensageiras
Do meu destino!!

MAReis

sexta-feira, 21 de março de 2014

São Paulo Depois da Tempestade

São Paulo depois da tempestade.

A natureza guardou
Da tempestade
Algumas gotas de água.
Emprestou do sol
Alguns raios de luz.
E desenhou no céu
Um imenso arco-íris.
E nele, muitos olhos,
Enfeitiçados, se perderam.
E em cada olhar perdido,
Ficou um desejo escondido.
Depois, na despedida do dia,
Prendeu-se ao último raio,
E foi-se embora com as estrelas.
De gota em gota,
De cor em cor,
Recolhendo outros desejos,
Guardando outros segredos
Neste imenso pote,
Chamado céu!!

MAReis

segunda-feira, 17 de março de 2014

A Criança Perdida na Rua

A Criança Perdida na Rua

O político viu dinheiro.
Planejou investimento.
O padre, ovelha desgarrada,
Pensou em Deus e rezou.

O professor viu aluno,
Pensou no futuro e protestou.
O motorista, bandido,
Pensou na polícia.

O terno lustroso viu vagabundo,
Pensou em trabalho.
O pedófilo, oportunidade,
Excitou-se.

O traficante viu consumidor,
Pensou em negócio.
O reacionário, ladrão
Pensou na morte.

O advogado viu lei,
Culpou o Estado.
O poeta, poema
Inspirou-se.

A criança não viu
O protesto do professor,
A reza do padre,
O dinheiro do político,
A excitação do pedófilo,
O interesse do traficante,
O desejo de morte do reacionário,

A criança perdida na rua,
Tão pouco se sentiu poema.
Os olhos eram as vitrines das confeitarias,
As narinas os cheiros dos temperos,
Os ouvidos os talheres do meio dia,
A língua, talvez uma prece,
As mãos, o alívio do estômago vazio.

Alheia aos pensamentos que inspirou,
Esperou pacientemente,
O resto dos excessos!!!


MAReis

sexta-feira, 14 de março de 2014

Relatividades

Relatividades

Um pingo de água
Na boca aveludada
Da tarântula
É veneno.

Um pingo de água
Na boca cansada
Do operário
É suor.

Um pingo de água
Na boca manchada
De batom
É lágrima.

Um pingo de água
Na boca tremula
Do tempo
É solidão.

Mas no esforço do abraço,
A água, lentamente, pinga
Lavando o veneno das mágoas,
Varrendo a solidão do tempo,
Dando novos sentidos
Para as lágrimas.

Lá fora, canta o telhado
Ao ritmo sereno da chuva,
Aqui dentro, entorpecido,
O sono reinventa os sonhos
Para a alma e para a vida!!!
 


 MAReis

terça-feira, 4 de março de 2014

Uma Fotografia Compartilhada

A Matriz de Oriente – Janeiro de 1945.

A Matriz enfeita a praça.
Nas rosas roubadas,
Nos olhares trocados,
Nas promessas feitas,
Nas palavras ditas,
Nos abraços aceitos,
Nas partidas, nas chegadas.

A matriz enfeita a praça.
Vestida de lembranças
Nos ternos brancos
Nas sombrinhas coloridas.
Adornos de saudades
Na torre prateada
Que aponta para o Ceu!

A Matriz enfeita a praça
Nestes homens,
Nestas mulheres,
Nestas crianças,
Nestes guarda-sóis,
Neste passado,
Tão vivo em nós.

A fotografia de 1945.
Muito além do que sinto
É gênesis da gente.
É Oriente!!!
No tempo,
Que hoje abraça
E enfeita a praça.

Não é a praça que enfeita a Matriz,
Nem a Matriz que enfeita a praça,
São essas vozes sentidas no coração,
Essas imagens guardadas na alma,
É essa gente e suas preces,
Da fotografia de 1945.
Nesse monte de saudades!!!!


MAReis

domingo, 2 de março de 2014

Uma Prece.

Semáforo

No vermelho
A fome estendeu as mãos,
Finas e trêmulas,
E na voz rouca e fraca.
Como vela que se apaga
Ao sopro da madrugada.
Pediu vida.

No verde,
Aqueles olhos,
Como tantos outros,
Ficaram perdidos,
Pelas ruas da cidade.

Rezo! Rezo! Rezo!!!!

Um dia o semáforo,
Há de ser amarelo,
Há de ser esperança,
Para cada mão
Que nos acena.

Há de haver
Para ser estendida
A cada par de olhos
Que nos guia pela vida,
Para além da fome,
Uma rosa amarela.

E que todo olhar
Seja sempre encontrado
E nunca perdido.
E, em quem nos pede vida,
Haja sempre um sorriso
A ser doado.

E que este sorriso seja
O Cruzeiro do Sul,
De vida,
Para quem doe,
Para quem receba!!
Amém!!!!


MAReis