quarta-feira, 22 de julho de 2015

O Ir de Um Sabiá



O Ir de um Sabiá.

Falam
Estas imagens
Que me chegam
Nas asas vacilantes
De um de um sabiá,
No seu mergulho
Vertical para a morte.

No voo inverso
Da vida,
Roda e pia,
Pia e rodopia
Na grama fria,
Sua agonia
De existir.

E os olhos
Fecham-se
Na rota,
Na ação
Na rotação.
Louca do ir!!!

MAReis

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Este Frio



Este Frio



Este frio

Vem de dentro,

E vai varrendo

A noite

Na voz do vento.



Vai recolhendo

Este desviver,

Este desaprender,

Nesta desaventura,

Fora de hora.  



Vai desenhando

Este cansaço,

Esta sonolência,

Estes sentidos

Que me escapam.



Este frio

Que sopra à noite

É quase nada,

Nesta tempestade

Que está em mim!!! 

MAReis

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Julho de 1975



Julho de 1975
(O dia em que Oriente amanheceu branco e entardeceu negro).

Naquele dia
O verde desapareceu,
Nas bocas emudecidas,
O silencio encolheu-se
Nos bicos dos pássaros
Nos ramos secos
Dos arbustos.

Naquela manhã
Desnudada de folhas,
O homem de brim cinza
Enxugou a umidade
Nos cantos dos olhos.
A mulher levantou os olhos ao Céu,
Rezou, rezou mil preces a Deus.

Naquela tarde
Os cães e gatos recuaram
Sob os bancos
Como se lessem,
Na natureza ressentida,
As tristezas recolhidas
Dos donos.

Naquele dia,
Os pratos ficaram esquecidos
Na falta de apite coletivo.
A casa grande desenhou
A pressa esquecida,
Daquelas botas de couro,
Daquele chapéu panamá
Da ronda matutina adiada.

Naquela noite,
Veio o pesadelo lido,
Em cada folha caída,
O sono pesado
Nos olhos trancados,
Na espera do verde
Do próximo amanhã!!!

MAReis