terça-feira, 13 de dezembro de 2016

AMIGO!!

Amigo!

“Há momentos que precisamos ser mais boca e menos ouvidos. Há momentos que é preciso lembrar ao mundo que estamos aqui, que pensamos e que somos muito mais do que regras e leis. Precisamos nos fazer ouvir, precisamos dizer que somos bem melhores do que dizem que somos. Que venham as ideias, mas que elas não nos tolham o direito de nos reconhecermos nelas. Elas precisam ser fertilizadas com a autenticidade que nutrem os nossos anseios e nossas crenças. Somos pessoas, portanto, deixem-nos ser!”

MAReis

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Oriente - Perguntas e Respostas.

Oriente?

(Uma Viagem no Tempo de Nossa Memória)

Perguntas e Respostas.

Fioravante? Fumo e relógio de corda.
Neco? Telesp.
Casa Aurora? Panelas e pratos.
Mané Sapateiro? Botina de couro.
Seu Nishioki? Sapato de festa.
Casa Beija-Flor? Seda e brim.
Granja do Pusca? Galinha para canja.
Vitu? Canja depois do baile.
Bar do Ferné? Cerveja gelada.
Bar do Gué? Truco e bocha.
Bazar do Cândido? Fita pro cabelo.
Cardoso? Macarrão e jujuba.
Bar do Pretti? Sinuca.
Bar do seu Olímpio? Sardinha no fubá.
Açougue do (O)Erpídio? Carne para o churrasco?
Do seu Armando? Linguiça temperada.
Seu Jorge? Gasolina e óleo Diesel.
Seu Maranha? Madeira de primeira.
Nobuco? Cabelo, mãos e pés.
Dona Tereza? Queijo fresco.
Dona áurea? Coxinha de frango. Que delícia!
Fazenda Paredão? Leite, manteiga e campo de futebol.
Usina? Baile, trabalho e briga.
Seu Teixeira? Mel de laranjeira.
Seu Abelardo? Broca e dentadura.
Seu Tomaz? Prefeitura.
Seu Arlindo? Rádio e TV.
Seu Epaminondas? Motor e chave de roda.
Dona Clementina. Benzedeira e bucho virado.
Seu Nelson,.....? Serestas.
Casa Paroquial? Quermesse.
Seu Décio? Matinê.
Dinho? Voz da torre da Igreja.
Seu Afonso, D. Nazareth, Dona Elza, D. Maria,
Dona Inês, D. Florinha, Seu Joaquim ......? Grupo Escolar.
Olha a maçãaaa!!!!
Olha a sardinhaaaaaa e peixe fresco!!!!
Leiteiroooooo!
Eu? Minha família e meus amigos.
Tem mais? Não cabem aqui.
Então!
Brambilla? Marília.
Expresso de Prata? São Paulo.
E ponto final.


MAReis

Sabor

Sabor

Temperei com pimenta,
Do reino,
O meu reino!

Espremi limão cravo,
No cravo,
Encravado em mim!

Esparramei hortelã,
P’ra botar gosto,
Em todo desgosto!

Salpiquei de sal,
P'ra reforçar de sabor,
O insosso da língua!

Adicionei uma pitada
De azeite na boca
Do tempo dividido!

Sempre um pingo mel
Pr’a encher de doce,
A vida inteira!!!

MAReis

A Matriz da Minha Cidade

A Matriz de Oriente
 

O badalar dos sinos
É um “que” de saudades,

No peito aberto da cidade.
 

E como águia aninhada
No coração da praça,

A Matriz alarga asas.
 

E os olhos em brasas,
No soar de cada nota,
Vai dizendo: volta... volta ...


MAReis

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Existir de Novo

Querer-te, quis,
E de tanto te querer
Deixei de ser.
E agora só sei
Existir em ti.

E ficou no corpo o suor,
Gota de orvalho perdida
Sob a pétala de uma flor.
Como a lágrima retida.

E neste não existir,
Resta-me este tremor 
No canto da boca
Quando morrem
As palavras de amor.

Estes meus lamentos
Vêm como os ventos,
São como as flores
Deixando seus odores
Nos vasos finos em que
Pensas vão morrendo.

E no calor destas memórias, 
Deste amor e de sua história,
Preciso reinventar no tempo.
Gerar no sopro do vento,
O que fui  e como existi

 Além, longe e fora de ti!!!


MAReis

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Neste Quintal em Mim!

Neste Quintal em Mim!

Voltei a passear pelo meu quintal,
Fui-me para vida como vendaval.
Na doçura da manga colhida no pé,
Cafeinado no doce amargo do café.
Abri meus olhos para alturas das palmeiras,
Os Ouvidos ao cantar dos sabiás laranjeiras.

Tem laranja
Tem limão
Tem limonada,
Jabuticaba, abacaxi.
Moranga e maxixe.
Lembranças de montão,
Abacate, doce de abóbora,
Gente que já se foi embora.
Carne de sol e lima no pomar,
Uma vontade imensa de gritar.

Tem toucinho no tacho,
Vozes que já não acho,
Pimenta vermelha e malagueta,
Carambola e gente muita azeda,
Sardinha fresca e manjuba salgada,
Adeus no romper da madrugada.
Tem cachimbo, fumo de corda,
Tem quem diz que faz e que borda.

Tem panela de barro, guisado,
Tem jiló, quiabo, milho cozido,
Curau e amor achado e perdido.
Cuscuz, ralador, queijo e pamonha,
Erros e ainda um bocado de vergonha.
Tem garapa e cana caiana,
Melaço, açúcar e rapadura,
Tem vida mole e vida dura.

Tem costela de boi
O tempo que se foi
Polenta frita,
Frango caipira,
Leitão à pururuca,
E esta alma aflita.
Meu primeiro amor,
Mandioca bem cozida,
Manhã fria e dia de calor,
Tristeza na despedida.
Tem pipoca e paçoca,
Final de tarde e muriçoca.

Tem borra no coador
Café torrado, e muita dor
Jaca, bule de chá cidreira,
Vontade de ir e vontade de ficar
Esta coisa sem eira nem beira.
Cajá, manga, colar de miçanga,
Água na moringa, suco de pitanga.

Tem mugido de boi bravo,
Mel de jataí e vaca leiteira,
Ferradura, fechadura e cravo,
Capim santo e benzedeira
Conversa fiada e brasa no fogão,
Pão de casa, manteiga e perdão.
Tem banana nanica, prata, maçã,
São Tomé, da terra, minha irmã
Tem São Pedro, João, balão,
E tantos pedidos em vão.

Tem desconfiança no miado do gato,
Latido de cão, truco e jogo de dado,
Orelha, pé e couro de porco no feijão.
Tem canjica, macarrão e manjericão,
Piada, pião de roda e pião de fé,
Pescaria e pirão de piramboia,
Palavra de honra na xícara de café.
Para quentão, para esquentar a boia
Forno de barro e colher de pau,
Tem sonho bom e sonho mau.

Cinza, carvão e fogueira no chão
Cuscuz, tapioca, lamparina e lampião,
Broto de bambu, melão e melancia,
Roda de viola, violeiro e boia fria.
Música sertaneja e bolinho de chuva,
Muita saudade na estrada em curva,
Terreiro, varanda, ipê roxo e terreirão,
Cheiro de relva, orvalho na grama, 
No telhado, nos olhos de quem ama,
No tempo, na vida, hoje e no coração.

Tem minhoca, linha de náilon
Arrasta pé, sanfona, sins e nãos.
Anzol, brejo, taboa e tabual,
Tem gente do bem e do mal,
Tem estrela Dalva no azul do ceu,
Samburá, fritura, contos de cordel

Medo, crença, muito segredo
Uma história para cada dedo.
Tem saci, erva de santa Maria,
Mula-sem-cabeça, ave Maria!
Histórias de assombração no quintal,
Poeira, vento, ventania e vendaval
Coco, linguiça pendurada no varal.
Tela, balaustra a horta e o jardim,
Cruz, encruzilhada e pé de alecrim.
E todas essas lembranças de mim.

Tem goiabada, marmelada, pessegada,
Tem trevo de quatro pontas, pedregulho
Esparramado pelo chão, tem o orgulho
Na calça de brim, no chapéu de palha,
Na bota de couro e no que não se fala.
Fivela, cinta e fivelão
Chicote, arreio, espora,
Meu mundo, meu alazão

Tem domingo o dia inteiro,
Rádio de pilha, trova e trovão,
Goteira no celeiro e calo na mão,
Lua e estrela no giro ponteiro,
Os momentos de raiva, a caça,
O meu cachorro perdigueiro,
Maritacas, e um gole de cachaça!!!!

MAReis


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Pois, Agora!

Pois, Agora!

Portanto, não se percebe que a distância
Entre o tempo da chegada e da partida
É tão pequena, e nada há além da ânsia,
Da conquista, busca alucinada pela vida.

E na vida que se busca, o hoje se perde
No amanhã que se alonga para o depois.
Estranha lógica que pede o que já é tarde,
Ah! Dúvida do que foste e de quem sois.

Logo, o corpo lembra que o futuro findou,
Então, no reverso do até agora, inventamos
Um jeito alucinado para viver o hoje, ou
Uma nostalgia para viver o que já passamos.

Pois, no hoje passado do que já foi futuro,
Nesta lei paradoxal de quem vive, fica e dói,
A sensação do não vivido perdido no escuro,
Nas lembranças, nas saudades como anzóis!!!


MAReis

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Fugacidade!!!

Fugacidade!!

Tivesse uma vida a mais,

Ressignificar-me-ia,
Sentir-me ia mais,
Amar-me-ia mais,
Simplificar-me-ia.

Tivesse um ano a mais,

Ocultar-me-ia menos,
Revoltar-me ia menos,
Ampliar-me-ia menos,
Traduzir-me-ia menos.

Tivesse um dia a mais,

Recomeçar-me-ia,
Reencontrar-me-ia,
Aceitar-me-ia,
Emudecer-me-ia,
Ouvir-me-ia mais.

Tivesse uma hora a mais,

Buscar-me-ia,
Realizar-me-ia,
Abraçar-me-ia,
Agradecer-me-ia.

Tivesse um minuto a mais.

Sorriria para vida,
Cantaria para amor,
Ouviria a brisa,
Olharia o Ceu.

Tivesse um segundo a mais,

Adeus!!!


MAReis

Onde?

Onde?

Por onde andam

Aqueles sonhos,
Aquelas ideias,
Aquelas palavras,
Aquelas verdades,
Aquele grito de guerra?

Por onde andam

Aqueles cantos e aqueles espaços,
Aquelas vozes e aqueles caminhos,
Aqueles risos e aqueles abraços,
Aqueles gestos e aqueles carinhos?

Por onde andam

Aquela crença e aquelas verdades,
Aquela certeza e aquelas esperanças,
Aquela história e aquelas liberdades,
Aquela sina e aquelas lembranças?

Por onde andamos

Nesta garoa que vai fechando o ano,
No todo sagrado e no todo profano,
Alheios à mudez infértil do mundo,
Nesta rota rumo ao poço sem fundo?

Por onde andamos

Neste frio que nos cobre a pele,
Neste estilhaçar de copos vazios,
Neste silêncio que nos impele
À esterilidade louca dos cios?

Por onde andamos?
Em que andamos?
Por que andamos?
Para onde andamos?

Não me deixe ir só!!!
MAReis

sábado, 22 de outubro de 2016

Eu Também!

Este vento é, em mim,
Um açoite ,
Um desabafo
 Na boca da noite.

Um verbo
Em tempo errado,
Mal conjugado,
Na timidez da alma.

É hiato,
Discreto nos olhos,
O brilho que falta,
Na língua que fala.

Um dia extinto,
Nos gritos dos galos,
No horizonte tinto,
 Entre os galhos.

Sou sincero,
Não me busque,
Não me ofusque,
Também espero,

Timidamente, por outro dia!!!


MAReis

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

ANTES!!!

Antes!!!

Antes que a vida os recolha,
Não sou bom.

Esses meus pensamentos
Vou jogá-los ao vento
Vou deixá-los perdidos como migalhas
Largadas nos fios brancos das toalhas.

Antes que a língua se acovarde,
Não sou ruim.

Sob o sol em que a boca arde.
Eis que os olhos fingem alegria,
Que neles não existem neste dia,
Nesta hora, neste final de tarde.

Antes mesmo que me arrepende,
Não sou verdade.

Estas espécies de redemoinhos
Que vão brotando nos caminhos
Da gente e de toda essa gente.
Fazem da vida um incidente.

Antes de ser vida o som eterno,
Não sou mentira.

Como esta tarde imprecisa.
Entre o continuar inverno
Ou abraçar a primavera
Fico à sombra indecisa.

Antes, sou hipótese na estatística da vida
Sou um ponto fora da curva.

E no que de antemão pressinto,
Vem esta espécie de nojo e instinto.
Resta-me, então, o meio do caminho.
Uva! Morrer doce ou se tornar vinho!

MAReis


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

ALHEIO

Alheio.

O sabiá
Recolhe as asas,
Por inteiro,
Atento
Ao tempo da lagarta.

No sopro
Que vem no vento
E na dor repentina,
Canta a tempestade
Que se aproxima.

E a lagarta
Deixa a casa
Desatenta ao olhar
Que se desenha
No bico do sabiá.

E assim,
Vai-se a lagarta,
Antes de se perder
Na seda, e renascer
Nas asas da borboleta.

Mata-se a lagarta
Porque não se conhece
A história
Da borboleta!!!


MAReis

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

DESPEDIDA!!!



Despedida!!!


Prá Dizer que Não Falei de Flores, embarquei no Trem das Onze, aquele velho Trem Azul. E nele vou seguindo rumo ao Fim de Tarde, meu coração em Disparada, perdido em um Porto de Solidão.
Além dos meus olhos, lá fora, As Águas de Março vão fechando o verão e contra a janela chocam Pingos de Amor.
Aquele amor desenhado no Sonho de Ícaro, lembra?
Você não me Ensinou a Te Esquecer, e nesta Travessia, nesta viagem louca e vertiginosa no tempo, nesta espaçonave de Eva, vou Vivendo e Aprendendo a Jogar, mas bem sei que Se eu Quiser Falar com Deus, preciso recolher os Retalhos de Cetim e desviver este amor de O Bêbado e a Equilibrista.
Preciso, Como Nossos Pais, minha Preta Pretinha, voar para além das minhas dores nas asas coloridas de um Pavão Misterioso, posar a beira mar, Passar uma Tarde Itapuã e como em um Conto de Sereia, reviver Aquele Abraço e Botar o Meu Bloco na Rua. E deixar toda essa dor ser uma Nuvem Passageira que como o vento se vai.
            Aquela Casinha Branca que sonhei por acreditar que Foi Deus quem Fez Você, é agora apenas uma Aquarela no peito deste Marinheiro Só, tornou-se apenas uma Saudosa Maloca onde eu você passamos tempos felizes de nossas vidas.
             Não! O nosso amor não Está Escrito nas Estrelas. Você é Menina Veneno, um Falso Brilhante que trago nas mãos e só agora percebo.
Porém sei que há em mim um jardim irrigado pelo meu Sangue Latino, onde hei de aprender a ser só ou então deixar nascer uma nova Garota de Ipanema e hei de ser feliz Outra Vez.
Upa! Neguinho, reaprendendo a ser feliz. Então, Canta, Canta Minha Gente, o Mar Serenou!!!  
 MAReis

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Suspiro!!

Antes que o suspiro
Finde no peito,
Antes que chore
Pelo amor desfeito.

Tão fora de hora!

Saiba,
Que neste hiato
Da língua muda,
Só vale agora,
O gesto, o olhar
Que implora.

Que pena,
Você botou lágrimas,
No meu poema!!

MAReis

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Faça-te Estrelas!



Faça- te Estrela!

Na solidão do quarto aberto na noite que me pertence,
Chegam-me as memórias construídas sob a luz da lua,
E na ânsia por trás de cada por sol, ainda que eu pense
Ficam, como tatuagem, mistérios em cada palavra nua.

Na transparência da janela descortinada, os olhos ficam
À espera da estrela que mate na boca a dor da ausência.
Ainda que um fio de brisa deslize como carícias às mãos,
Restam-me indistintas as vozes abrigadas na consciência.

Aquelas palavras escritas nas palestras das mesas fartas,
Aqueles abraços trocados na cruz dos nossos caminhos,
Aqueles silêncios feitos dos cansaços dos nossos carinhos,
É agora uma montanha de lembranças que não me aparta.

No balanço das nossas alegrias e dos nossos desencontros,
Sobram-nos os momentos de olhos, de bocas e de abraços,
E por mais que a lua sonhadora queira abrir o sol em nós,
A distância e o tempo são arquitetos na construção dos sós.

Volte! Faça-te estrela, entra pela janela aberta do quarto,
Nesta noite que nos pertence!! 

MAReis

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

EM FIM

Em Fim

No mar marejado
Dos meus olhos,
Enquanto o pranto
Não brota, a Lua alheia
Mete prata nas ondas
Soluçantes de saudades,
Que dançam em movimentos
De rotação na rota incerta
Do coração.

Neste outono em mim,
Esta estação sem fim,
Gemem as rajadas fortes,
Que impiedosas varrem
O Sol ao norte do oriente
Do meu corpo embriagado.

E na razão inversa, o ocidente
Da alma, na lógica ilógica
Dos pensamentos, apaga
As linhas do horizonte.  
E lá, onde morre toda luz,
Na ordem avessa e diversa,
A alma se liberta e brinca
De vida onde a vida se dispersa!!!


MAReis

sábado, 16 de julho de 2016

Momento

Momento

Neste momento, os teus olhos é luz, chama de vela,
E neste escuro aberto da noite, me chama e me zela.
E na festa que me faz no coração, o peito pulsa em bits,
Ecoa, como se toques de carinho, tua voz que me assiste.

Beija-me o veneno de tarântula, entorpece-me a língua e a boca, 
E de lá onde escorre livre um fio de todos os desejos, como loucas,
As mãos libertas buscam a maciez da seda no ventre que se toca,
Meu corpo, em polo contrário, vai ao ritmo da sonoridade rouca.

No salão da cama inteira, nossas vidas pedem licença ao tempo,
E no azul profundo do oceano, onde brinca todo amor de Vênus, 
A noite, num repente de ciúme, colhe em uma rajada de vento,
Um milhão de estrelas e as lança sobre o delírio dos corpos nus.  

Depois ...
Quando todos os desejos saciados se abrem outra vez à luz do dia,
As mãos, que outrora se buscavam aflitas, dão adeus e se afastam.
Assim, o que antes vela, no sopro da janela aberta, apaga e se esfria. 
Fica a antevéspera da saudade e os silêncios das bocas que suplicam.

Fica ....  mas se fores mesmo, lembra-te, não te esqueças de levar tuas estrelas, 
Deixa-me apenas está noite e a lembrança dos teus olhos acesos como velas!!! 


MAReis

terça-feira, 12 de julho de 2016

São Paulo! Seja.

São Paulo, Seja!

Ouça São Paulo, o grito que ressoa nestes estribilhos,
Ecoados nos peitos agônicos dos homens máquinas,
Nos murmúrios, estridências subterrâneas dos trilhos,
Mãos estendidas nas feridas abertas em tuas esquinas.

Vai São Paulo, revela-te, abra-te as tuas dores
Respira o que vai além do infinito dos holofotes,
Deita-te à sombra das pétalas caídas das flores,
Encurta-te, faz-te arco-íris dos teus idos bosques.

São Paulo mata este minotauro, traduza teu labirinto,
Abraça a escuridão e arranca do céu todas as estrelas,
Enche tuas veias de prata, brilha, seja Pan, teu instinto.
Como faunos, siga tua sina de cantar, não ouças, fala!

Olha São Paulo, estas brisas do mar que escalam a serra,
Chegam ainda carregadas daquelas vozes da velha terra,
Escuta estas notas tingidas nas redondilhas de saudades,
Reage-te as moscas azuladas que te querem morta, cidade!

Não nos basta ser grande. Queremos- te viva, a garoar,
Que tua pele seja verde e que brote flor em cada janela,
Uma canção em cada boca, oxigênio em cada verso, ar.
Volta São Paulo, a ser sonho, poesia, ser vida entre elas.

São Paulo, seja!

  

 MAReis

terça-feira, 28 de junho de 2016

O Domingo em Mim

Deixa o Domingo em Mim

O domingo dorme no calor destas paisagens,
E tudo por aqui é diferente: a vida, estes ares.
Em mim,  o choro do vento por entre os vales,
Agiganta-me. Vivo deste ver, destas miragens.

Aquelas distâncias vão desaparecendo à luz
Do sol, e a mente desatenta, esta engrenagem
Tão afeita aos vazios que o coração produz,
Vai enchendo a alma na leveza das imagens.

Sopra a brisa! Por favor, não me acordem!
Quero a vida na liberdade deste caminho,
Não tenho nada, encontro-me em desordem,
Neste caos, sou o entorpecimento do vinho.

Mais do que a importância que isto tem,
É a certeza de estar presente em mim,
E ainda carregar o que fui de ontem,
Estar vivo e, mais, ser feliz assim!!   

MAReis

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Lamento

Lamento

As palavras e seus sentidos,
Vão se despindo, lentamente,
Por trás dos lamentos doídos.
Na dor daquele que sente.

Em cada gota e de gota em gota
Escorrem pelos cantos da boca
O tempo, o segredo em cada beijo,
Vertigem, outrora, apenas desejo.

E, assim, nas palmas das mãos,
Soam como ecos, os sins e nãos,
Reverberam nos olhos a chama,
Aceno breve de quem se engana.

Despido do ardor e de todo zelo,
Puro capricho no prazer em tê-lo,
Fica este quadro como pedido de paz
Saudade antecipada do que se desfaz!!

MAReis

terça-feira, 7 de junho de 2016

O Azul de Curaçao

O Azul de Curaçao

O tempo voa,
Os sonhos voam,
Para o desconhecido voo,
E, ao torná-lo revelado,
O mundo alarga-se nas asas
Dos meus olhos.

Neste azul, o tempo convida
Para brincar antes que o Sol
Mergulhe nas profundezas
Do marinho e a Lua convide
As estrelas para o anil da noite,

Então, ausento-me,
Pela falta do espaço,
Excedo-me em mim.
E no tempo de voltar,
Não estou pronto
Para o hoje,
Nem para o sempre.

E esta estética divina
É realmente entontecedora!!!
MAReis

domingo, 27 de março de 2016

A Marcha



A Marcha

Quantos segredos nos olham
Pelas janelas redescobertas.
Quantas sombras nos vigiam
Pelas vitrines entreabertas.

Quantos medos nos espiam
Nossos passos pelo caminho.
Quantos olhos nos abordam
Por trás de um  copo de vinho.

Quantos desejos nos convidam
Para as camas e para o cansaço.
Quantos olhares nos denunciam
Os muros e seus portões de aço.

E lá no alto do mais alto edifício
A flor solitária acena como artista,
Cumprindo, intimidada, seu ofício
De enfeitar a vida e de ser vista!

MAReis

quarta-feira, 16 de março de 2016

Ódio ao Ódio



Ódio ao Ódio

O ódio violenta a rua,
Dos becos e das bocas,
Uivam as palavras ocas,
No doido sentido da Lua.

E todo horror se mostra belo,
E sob as máscaras anêmicas,
Exala o odor da ira sistêmica,
Na loucura e no riso acéfalo.

E dos brados loucos e doentes,
Brotam como germes da oratória,
Os pastores dos ecos impotentes,
Predadores da vida e da memória.

Pode o tempo matar a História,
Aqueles sonhos, nossos mártires,
Aquela certeza, a nossa vitória,
Aquele futuro, os nossos líderes?

Respira! O que está além do umbigo
Resiste! No peito e no coração, amigo!

MAReis

segunda-feira, 7 de março de 2016

São Paulo a Garoar



Hoje, São Paulo
Anda um que diferente,
Nos olhos.
Um que de nostálgica
Na alma.
Vai brincando de molhar 
Meus passos pelos espaços
Por onde passo.
 
Hoje, São Paulo
Escondeu o sol
No peito calado
Do dia.
E um saudosismo
À toa, sem tamanho,
Sem sentido, saltou-se
Ao ceu da minha boca.

Hoje, São Paulo,
Avessa à monotonia,
Pois-se a garoar,
E esta garoa, garoando
Na gente, é uma hipótese,
Uma ausência indistinta,
No território do meu peito.

Hoje, São Paulo
Amante de si mesma,
Navega no rio aberto
Do tempo da vida inteira,
E na distância, a gente
Por inteiro torna-se fonte,
Fonte de saudade.

E hoje, São Paulo
Vai garoando,
No meu coração,
Em minhas mãos.
E como por encanto,
Por todo canto nessa
Melodia desajustada
Do meu canto!
 
Ufa!!! E esta cidade a garoar ...

MAReis

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Estrangeiro em Mim

Estrangeiro em mim

Sou um estrangeiro 
Em mim mesmo.
Não me traduzo mais,
Falta-me  língua
Para interpretar-me.

No tecido da minha vida 
As manchas do vinho,
Tingem de tinto os olhos. 
E as mãos imóveis apoiam
A cabeça e o peso da vida.

A transparência da taça 
Adormece no silêncio do só.
E o relógio vai engolindo 
A madrugada imensa, 
Na finitude do tempo.

Os pensamentos, tão cansados 
De existirem, reinventam-se,
Mas já não têm forças para ir.
Eu, então, levanto a bandeira
Branca da minha paz!!

MAReis

Assim, Saudade

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Terça Gorda



Terça Gorda

Na cidade, no  coração da praça, o pandeiro e o tambor
Encontraram-se com a cuíca, o tamborim e o reco-reco.
E abraçaram a terça gorda num papo afinado de boteco.
Cantaram à vida, ao samba, à rosa, ao espinho e à flor.

A cidade que dormia, abriu os ouvidos ao som da praça,
De repente, chegou toda em dourado, uma enorme taça,
Uma bailarina azul celeste, a enfermeira toda de branco,
O bêbado, Peter Pan, Sininho, um Arlequim em prantos.

Veio também, o ladrão e o delegado, o pastor e o padre,
Todos os políticos à direita e à esquerda de mãos dadas,
Como hipnotizadas pelo som e luz da praça, alucinadas,
Apareceram borboletas, abelhas, joaninhas e uma madre.

Patos, ratos e gatos da Disney, em respeito ao tamborim,
Guiados por Pan, pularam os muros e invadiram a praça,
E a cuíca gritou a toda gente que abrisse a roda à mulata,
À ginga que veio da África e para aquela alegria sem fim.

E assim foi à tarde e à noite inteira, até à alta madrugada,
Quando o badalar dos sinos da matriz avisou ao pandeiro
O fim da festa, as cinzas nasciam nas lâmpadas apagadas,
E a cidade retornou ao sono no verde das serras, fatigada!

MAReis

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Estação da Luz em Mim.



Estação da Luz em Mim

Quando o trem apita na Estação da Luz,
O coração bate forte, sacoleja e me traduz.
E São Paulo aparece na velocidade da janela,
E o mais que pretérito renasce a margem dela.

Uma cidade sem reboco à beira da linha,
Cheia de lembranças e saudades minhas.
E quando meu destino me pede que apeie,
Minha boca range antes que o trem freie.

Meus olhos choram a curva engolir o trem.
O peito dói martelando saudades de outrem.
Minha alma, onde se esconde toda dor em mim,
Leva-a o trem! Ela e estas lembranças sem fim.

Na Luz, o tempo corre por duas linhas paralelas,
Meu nome e teu endereço. Memórias apenas?
Vozes e sonhos escritos em páginas amarelas?
Por que agora, se antes foram tão pequenas?

E o trem vai perdendo o rumo,
Rumo a um ponto final ...

sábado, 23 de janeiro de 2016

Veja!!!


 Veja!!!

Veja!
 Se o amor é mesmo uma arte,
Ainda que julgue  Marte,
Veja, quanto medo, para quem ama, há na espera,
E para quem ama que certeza há na palavra sincera.

Veja!
Se amor é mesmo uma arte,
Há, pois, de doer em quem parte,
Há de doer ainda mais em quem fica,
A dor repartida, a angústia da despedida.

Veja!
Se amor é mesmo arte,
Há de ser, pois, oxigênio que se reparte,
E na distância do olhar, há de manter acesa a vela,
E iluminar a noite do coração de quem por ele zela.

Se amor é mesmo arte,
Ainda que se disfarce,
Há de ser como orquídea em busca do sol,
Dá à árvore flor, cor, mais do que luz, farol.

Se o amor é mesmo arte,
Então que seja dele parte,
Todos os loucos adeuses divididos,
E todos os reencontros construídos.

Se amor é mesmo arte!!!


MAReis