sábado, 16 de julho de 2016

Momento

Momento

Neste momento, os teus olhos é luz, chama de vela,
E neste escuro aberto da noite, me chama e me zela.
E na festa que me faz no coração, o peito pulsa em bits,
Ecoa, como se toques de carinho, tua voz que me assiste.

Beija-me o veneno de tarântula, entorpece-me a língua e a boca, 
E de lá onde escorre livre um fio de todos os desejos, como loucas,
As mãos libertas buscam a maciez da seda no ventre que se toca,
Meu corpo, em polo contrário, vai ao ritmo da sonoridade rouca.

No salão da cama inteira, nossas vidas pedem licença ao tempo,
E no azul profundo do oceano, onde brinca todo amor de Vênus, 
A noite, num repente de ciúme, colhe em uma rajada de vento,
Um milhão de estrelas e as lança sobre o delírio dos corpos nus.  

Depois ...
Quando todos os desejos saciados se abrem outra vez à luz do dia,
As mãos, que outrora se buscavam aflitas, dão adeus e se afastam.
Assim, o que antes vela, no sopro da janela aberta, apaga e se esfria. 
Fica a antevéspera da saudade e os silêncios das bocas que suplicam.

Fica ....  mas se fores mesmo, lembra-te, não te esqueças de levar tuas estrelas, 
Deixa-me apenas está noite e a lembrança dos teus olhos acesos como velas!!! 


MAReis

terça-feira, 12 de julho de 2016

São Paulo! Seja.

São Paulo, Seja!

Ouça São Paulo, o grito que ressoa nestes estribilhos,
Ecoados nos peitos agônicos dos homens máquinas,
Nos murmúrios, estridências subterrâneas dos trilhos,
Mãos estendidas nas feridas abertas em tuas esquinas.

Vai São Paulo, revela-te, abra-te as tuas dores
Respira o que vai além do infinito dos holofotes,
Deita-te à sombra das pétalas caídas das flores,
Encurta-te, faz-te arco-íris dos teus idos bosques.

São Paulo mata este minotauro, traduza teu labirinto,
Abraça a escuridão e arranca do céu todas as estrelas,
Enche tuas veias de prata, brilha, seja Pan, teu instinto.
Como faunos, siga tua sina de cantar, não ouças, fala!

Olha São Paulo, estas brisas do mar que escalam a serra,
Chegam ainda carregadas daquelas vozes da velha terra,
Escuta estas notas tingidas nas redondilhas de saudades,
Reage-te as moscas azuladas que te querem morta, cidade!

Não nos basta ser grande. Queremos- te viva, a garoar,
Que tua pele seja verde e que brote flor em cada janela,
Uma canção em cada boca, oxigênio em cada verso, ar.
Volta São Paulo, a ser sonho, poesia, ser vida entre elas.

São Paulo, seja!

  

 MAReis