sábado, 22 de outubro de 2016

Eu Também!

Este vento é, em mim,
Um açoite ,
Um desabafo
 Na boca da noite.

Um verbo
Em tempo errado,
Mal conjugado,
Na timidez da alma.

É hiato,
Discreto nos olhos,
O brilho que falta,
Na língua que fala.

Um dia extinto,
Nos gritos dos galos,
No horizonte tinto,
 Entre os galhos.

Sou sincero,
Não me busque,
Não me ofusque,
Também espero,

Timidamente, por outro dia!!!


MAReis

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

ANTES!!!

Antes!!!

Antes que a vida os recolha,
Não sou bom.

Esses meus pensamentos
Vou jogá-los ao vento
Vou deixá-los perdidos como migalhas
Largadas nos fios brancos das toalhas.

Antes que a língua se acovarde,
Não sou ruim.

Sob o sol em que a boca arde.
Eis que os olhos fingem alegria,
Que neles não existem neste dia,
Nesta hora, neste final de tarde.

Antes mesmo que me arrepende,
Não sou verdade.

Estas espécies de redemoinhos
Que vão brotando nos caminhos
Da gente e de toda essa gente.
Fazem da vida um incidente.

Antes de ser vida o som eterno,
Não sou mentira.

Como esta tarde imprecisa.
Entre o continuar inverno
Ou abraçar a primavera
Fico à sombra indecisa.

Antes, sou hipótese na estatística da vida
Sou um ponto fora da curva.

E no que de antemão pressinto,
Vem esta espécie de nojo e instinto.
Resta-me, então, o meio do caminho.
Uva! Morrer doce ou se tornar vinho!

MAReis


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

ALHEIO

Alheio.

O sabiá
Recolhe as asas,
Por inteiro,
Atento
Ao tempo da lagarta.

No sopro
Que vem no vento
E na dor repentina,
Canta a tempestade
Que se aproxima.

E a lagarta
Deixa a casa
Desatenta ao olhar
Que se desenha
No bico do sabiá.

E assim,
Vai-se a lagarta,
Antes de se perder
Na seda, e renascer
Nas asas da borboleta.

Mata-se a lagarta
Porque não se conhece
A história
Da borboleta!!!


MAReis