sexta-feira, 28 de julho de 2017

Neste Dia

Neste dia 
Anestesiado,
Parado.

Velado.
Sufocado,
Apertado.

Intestino,
Repentino,
Ultra uterino.

Revisitado
Repaginado,
Redesenhado.

Vida,
Dúvida,
Dívida.

Contrário
Dicionário,
Horário.

Raro,
Caro,
Claro.

Neste dia 
Interditado,
Inesperado,

Inadvertido,
Cafeinado,
Auditado.

Nesta ânsia,
Nesta distância,
Na quiromancia.

Fico
Migro 
Sigo.

Comigo,
Contigo.
Consigo?

MAReis

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Ensina-me a Perdoar!!!

A madrugada acorda o silêncio do quarto,
E esta dor esquecida ressuscita na alma.
E com ela, tudo o que nos parecia morto,
Como Fênix, abre-se no inverso da calma.

Os olhos se abrem para o dia ainda distante,
Os ponteiros da hora diminuem a celeridade,
E em cada minuto vibra a insana eternidade.
A boca, então, se abre a uma prece vibrante.

A loucura extrapola sua ira por todos os poros,
A ansiedade busca luz tênue por trás da cortina,
E no silêncio, a cabeça vibra aos sinos sonoros,
Pelo quarto passeia esta memória como sina.

Não há paraíso para a dor que o tempo elimina?
Não! Vive em segredo a espera desta hora perfeita.
Porque não se consegue matar a dor antes desfeita.

Ensina-me, Senhor, a perdoar,
E no meu perdão, talvez, esta madrugada termina!


MAReis

terça-feira, 11 de julho de 2017

Latência

O vento que serenamente sopra,
Nesta manhã em que o sol vacila
Recolhe, timidamente, a sobra,
Do que no afã de ser sonho, oscila.

Por entre os opostos: de um lado,
Luz e vida, de outro, só pesadelo.
E assim, no riso aberto e revelado,
Nasce o grito na incerteza de tê-lo.

Se em todo sonho vibra o que é vida,
Neste também punge a latência de ser,
Num esforço louco que não se intimida.

Já que pulsa esta vontade de se refazer,
No sol deste dia, então que tempo sobre
Para sonhar e que a vida nos seja nobre!

MAReis

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Dilema!!!

Neste  Adeus,
Tudo é tão estranho
É um instante,
De susto e espanto,
Misto de riso e pranto.

Se Adeus,
Por que fica, então,
Este resto de porém,
Este verbo que não vem?
E na boca, este gosto do sal,
No peito, esta ânsia para o mal?

Por que Adeus,
Se não há uma busca por alguém?
Se há uma saudade que se antecipa,
O que está muito além do além,
Como eco que não dissipa?

Se Adeus, então,
Por que esta dor que se esconde
No mistério do desencanto,
E fica como cravo num canto
Da alma que não responde?

Meus Deus!!!
Como pena a minha pena,
Nesta hora do Adeus.
Que pena, que dilema!!!

MAReis

terça-feira, 27 de junho de 2017

Inverso

Não quero,
Não posso,
Não espero,
Não há espaço
No meu remorso.

Eu em mim,
Meus enganos,
Meu infinito,
Meu fim,
Os meus anos.

Meu espírito,
Minhas asas,
Meu universo,
Minhas travas,
Meu grito inverso.

Um mergulho,
Neste enigma,
Nesta sina,
Neste paradigma,
Que termina.

Enfim
Esta dúvida
Esta vida
É assim!

MAReis


sábado, 24 de junho de 2017

Vem!!



Vem, entre,
Vem, como sempre,
Sem cerimônias,
Tu já és de casa,
Ocupas teu espaço,
Que na tua ausência,
Está continuamente vago.

Não te disfarces, não te escondas,
És parte em mim e de mim,
Então não sabes?
Que não há fim no que se vive.
Se em um tempo é lembrança,
Em, outro, por fim, saudades.

Pois, então, vem,
Aninha-te neste vazio do ventre.
Entre, já me acostumei a ti.
Fica!!          

MAReis

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Esta Manhã



Está manhã traz com ela,
Este mistério que se revela,
No reencontro com a luz do astro,
Em cada palavra, em cada abraço,
No calor das mãos que se apertam,
Nos sorrisos, nas bocas que se falam.

Neste momento, neste espaço.
Está manhã que invade o quarto
Convida-nos para amar.
Este calor que tingi o dia de verde,
Convida-nos para o mar.

Está brisa que acaricia árvores,
Enche de vida todos os olhares,
Este azul que veste esta harmonia
Convida-nos para sentir este dia
No riso, na esperança, na alegria,
Em cada beijo que me acaricia,
Nesta manhã!!!

MAReis

sábado, 20 de maio de 2017

Uma Gota de Orvalho Neste Tempo


Que tempo é este

Que mata em nós

A gargalhada farta,

O riso

O sorriso?



Que tempo é este

Que mata em nós,

A conversa de bar,

O copo gelado,

O gosto da cerveja?



Que tempo é este

Que leva de nós

Nossos ideais,

Nossos ídolos,

Nossos discos?



Elis, Belchior, John, Bob,

Jair, Cazuza, Gonzaga,

Gonzaginha, Clara, Cora,

O poeta, o Poetinha e

A Própria poesia?



Que tempo é este,

Que nos fere como punhal,

Afiado nas cordas dos violões

Que gemem angústias indistintas,

Alongando o pretérito e

Encurtando o futuro?



 E lá fora,

Cresce ao peso desta lágrima,

Uma gota de orvalho,

Na folha pensa da roseira,

Solitária, a espera pelo dia,

Pelo sol da próxima manhã,

Para que o calor se apresse,

E leve, na gota evaporada,

Para o azul do Ceu,

Esta dor, esta minha prece!

MAReis

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Lá de cima

Lá de cima

Procuro na lentidão dos meus passos,
Dar voo as minhas asas e, lá de cima,
E como águia, em caça, mira a vítima,
Buscar a vida nos sentidos escassos.

E nesta escassez de todos os sentidos,
Vão se as certezas diluindo a luz do dia,
E todo dia, nos pensamentos indefinidos,
A essência em cada verdade se esvazia.

Na abundância das incertezas revividas,
O tempo assinala a aurora que se limita,
E a alma capta as imagens deformadas,

Inundando o peito com nostalgia infinita.
E aqui do alto, acima, as asas se recolhem,
Tímidas, apoiadas nas mãos que tremem!!

MAReis

 

terça-feira, 11 de abril de 2017

Riscos na Mesa

Hoje pedi desculpas ao moço do nosso bar,
Risquei a nossa mesa por traz das cortinas.
Não vieste, doeu, inundou-me as retinas.
Queria neste meu desajeito apenas falar,
 
Desta tua inexplicável mania de me fazer falta,
Desta tua transloucada mania de me fazer feliz,
Desta tua mania de me fazer apenas aprendiz,
Desta tua mania de ser da vida o que me exalta.
 
Hoje pedi desculpas ao moço do nosso bar,
Pela taça de vinho quebrada que fiz cinzel,
Não vieste ver o meu riso por traz do olhar,

Não ouviste minhas preces em forma de anel,
Não vieste, não trouxeste tua boca, tuas mãos,
E o brilhante emudeceu-se no fundo do coração.

E o vinho derramado misturou-se a agonia,
E a neblina cobriu a noite a espera do dia,
Nos riscos na mesa por traz das cortinas!

MAReis.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Pelos Olhos

Pelos olhos, esta porta da alma aberta,
Entra o silêncio louco, na noite deserta.
Agarrando-se na surdez das horas idas,
Alucinado, clama pelas alegrias tidas.
 
E o tempo, este fazedor de saudade,
Antítese, começo e fim da eternidade,
Tão Indiferente à dor de quem a sente,
Esteriliza todo sonho na mão dormente.
 
E pelos caminhos por onde passa o tempo,
Como grafites desenhados na tela da face,
Ficam as marcas dos olhares como lamento.

E ainda que a timidez do riso largo disfarce,
No ritmo do tempo, em compasso de alento,
Oculta o peito a dor que no coração alarga-se!
 
MAReis