terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A Memória Somos Nós

Chega camuflada nos contos de final de tarde,
Vem no piar solitário da coruja que se aninha,
Às vezes, na luz da lua que pelo ceu caminha,
Vem como tempestades, às vezes, sem alarde.

Às vezes, como espinho doído no peito de Junes,
Numa insistência louca em buscar o que se foi
Para ir e, neste paradoxo que rumina como boi,
Adere à boca como essência dos raros perfumes.

É como mosca silenciosa que dissolve o tempo
Nos ponteiros disformes dos relógios de Dali,
Ido, que excede o que se sente, cresce e evolui,
Faz-se anacronismo em nós e mata o momento.
                                                              
E como claro e escuro se opõem aos olhos de Goya,
Opõem-se nossas memórias o pretérito e o futuro.
E na soma delas, o que somos nos faz menos puro.
Vale o que temos do outro em nós, uma rara joia.

Nas pequenas histórias, reside o que nos diferencia,
Também tudo aquilo que nos iguala e nos faz plural,
Logo, a memória é em nós o particular e o universal,
Escrita, aberta, tudo que nos liberta e nos silencia!!

MAReis

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

IMAGEM.

Imagem

Havia um muro,
Por traz do muro,
Eu e o mundo,
Mergulhei fundo.

Havia um muro,
Por traz do muro,
Um monte de desejos,
Prazeres e meus erros.

Havia um muro,
Por traz do muro,
Grandes planos,
E muitos enganos.

Havia um muro,
Por traz do muro,
Meus pensamentos,
E tantos sentimentos.

Havia um muro,
Por traz do muro,
O campo fértil dos ideais,
Utopias e sonhos demais.

E por traz do muro
Seguia em rota certa,
Através da colina aberta,
Rumo ao oceano revolto.

Ao sabor do vento solto,
Voltava eu, em linha reta,
Menos forte e mais inseguro,
Para o cais onde havia um muro!

MAReis