quinta-feira, 13 de abril de 2017

Lá de cima

Lá de cima

Procuro na lentidão dos meus passos,
Dar voo as minhas asas e, lá de cima,
E como águia, em caça, mira a vítima,
Buscar a vida nos sentidos escassos.

E nesta escassez de todos os sentidos,
Vão se as certezas diluindo a luz do dia,
E todo dia, nos pensamentos indefinidos,
A essência em cada verdade se esvazia.

Na abundância das incertezas revividas,
O tempo assinala a aurora que se limita,
E a alma capta as imagens deformadas,

Inundando o peito com nostalgia infinita.
E aqui do alto, acima, as asas se recolhem,
Tímidas, apoiadas nas mãos que tremem!!

MAReis

 

terça-feira, 11 de abril de 2017

Riscos na Mesa

Hoje pedi desculpas ao moço do nosso bar,
Risquei a nossa mesa por traz das cortinas.
Não vieste, doeu, inundou-me as retinas.
Queria neste meu desajeito apenas falar,
 
Desta tua inexplicável mania de me fazer falta,
Desta tua transloucada mania de me fazer feliz,
Desta tua mania de me fazer apenas aprendiz,
Desta tua mania de ser da vida o que me exalta.
 
Hoje pedi desculpas ao moço do nosso bar,
Pela taça de vinho quebrada que fiz cinzel,
Não vieste ver o meu riso por traz do olhar,

Não ouviste minhas preces em forma de anel,
Não vieste, não trouxeste tua boca, tuas mãos,
E o brilhante emudeceu-se no fundo do coração.

E o vinho derramado misturou-se a agonia,
E a neblina cobriu a noite a espera do dia,
Nos riscos na mesa por traz das cortinas!

MAReis.