sexta-feira, 3 de julho de 2015

Julho de 1975



Julho de 1975
(O dia em que Oriente amanheceu branco e entardeceu negro).

Naquele dia
O verde desapareceu,
Nas bocas emudecidas,
O silencio encolheu-se
Nos bicos dos pássaros
Nos ramos secos
Dos arbustos.

Naquela manhã
Desnudada de folhas,
O homem de brim cinza
Enxugou a umidade
Nos cantos dos olhos.
A mulher levantou os olhos ao Céu,
Rezou, rezou mil preces a Deus.

Naquela tarde
Os cães e gatos recuaram
Sob os bancos
Como se lessem,
Na natureza ressentida,
As tristezas recolhidas
Dos donos.

Naquele dia,
Os pratos ficaram esquecidos
Na falta de apite coletivo.
A casa grande desenhou
A pressa esquecida,
Daquelas botas de couro,
Daquele chapéu panamá
Da ronda matutina adiada.

Naquela noite,
Veio o pesadelo lido,
Em cada folha caída,
O sono pesado
Nos olhos trancados,
Na espera do verde
Do próximo amanhã!!!

MAReis

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