segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Na Pele e na Fé



Na Pele e na Fé.

Esta negritude que mora em mim.
Vem do giro das baianas e suas saias,
Nas escadas da igreja do Bonfim.
Flores que o mar devolve às praias.

Vem destas poesias cantadas
Na vertigem de um cafuné.
Feita nas vozes arrastadas.
No dendê e no sabor do acarajé.

Da sardinha frita no fubá.
Do fumo e do cachimbo.
Dos filhos de Ghandi, dos abadás
Das galinhas d’angola e do domingo.

Vem do cheiro do mungunzá,
Da canjica, do caldo do mocotó
Da água fresca da moringa.
Do batuque sustentado no gogó.

Da moqueca na panela de barro
Da muvuca, da cachaça e do jiló.
Do samba que desceu o morro.
Da minha Nega, meu xodó.

Vem dos pés do Besouro
Do acorde do berimbau,
Vem da ginga e dente de ouro.
 Do vatapá e da carne de sol.

Vem da Àfrica e do axé.
Do algodão, do brilho da miçanga,
De Amado, de Caymi e do compadre Zé.
Da ginga, da caçamba e de corda bamba.

Da maracutaia, da muamba de Iapi.
Do cochilo à sombra do baobá.
Do quiabo, do inhame e do assai.
Do horizonte e do cheiro do jatobá. 
   
Sem medo, sem fuxico,
Sem canga e sem xingo,
Não temo marimbondo
Nem corro de camundongo.

Sou negro na pele
Sou negro na fé!!!!

MAReis

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