quinta-feira, 16 de junho de 2011

Reflexão!!!

Escrever

O ato de escrever é sempre um processo doloroso. As palavras nos fogem como os gatos de cães. São elas mais do que queremos, são portadoras de idéias, de verdades, de crenças, de preconceitos e, por que não, de raivas subjugadas. Unem-se, desunem-se, arranjam-se de tal forma que, às vezes, acabam virando um texto que se distancia daquilo pretendíamos dizer. O ato de escrever é mais do que doloroso, é desafiador e nos mete medo. E, quanto mais temos e queremos falar, mais angustiante é a tarefa de fazê-lo. Há uma grande diferença entre o ensinar palavras e o usar palavras. Podem ser inofensivas quando isoladas, mas poderosas quando unidas. Desafia-nos por que passa pela compreensão do outro e, à medida que passa pelo outro, deixam a marca do outro e perdemos o controle sobre elas. É o texto em sua relação dual, ou seja, de quem o escreve e de quem o lê.  
No entanto, ainda que seja um ato desafiador, não podemos furtar ao direito de impregná-las com o sentido de nossas ideias. É imperioso que as dominemos, que as domestiquemos e as utilizemos para que sejam fiadoras de nossas crenças e espelhos de nossa visão de mundo e de vida. Se as que existem não dão conta de nossos gritos, pois que inventemos outras. Se se recusam a traduzir nossos pensamentos, então que busquemos a força de outra que lhe limite o sentido. Mas não abdiquemos o direito de postular o que acreditamos, a construção de nossos sonhos, a expressão máxima do existir. Do existir como pessoa e, como escolhemos, de seres pensantes. Há momentos que precisamos ser mais boca e menos ouvidos, é preciso lembrar ao mundo que estamos aqui entre os muros e existimos, mas que pensamos e vivemos além destes muros. Precisamos nos fazer ouvir, precisamos dizer que somos bem melhores do que dizem que somos. Que venham as idéias, mas não nos tolhem o direito de nos reconhecermos nelas, elas precisam ser fertilizadas com a autenticidade que nutrem os nossos anseios e nossas crenças. Somos pessoas, portanto, deixem-nos ser!

MAReis

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